sábado, 2 de julho de 2011


Se eu pudesse ser um albatroz, sim, um belo albatroz de imensa envergadura, voaria pra longe, muito longe, pra uma terra desconhecida, com altas montanhas, montanhas com cumes de gelo branquíssimo. Faria um ninho na mais alta árvore, naquela que nenhum homem ousou subir, por medo ou prudência.
Voaria livre, soberano do céu, por cima das coisas terrenas. E no meu vôo, só existiriam as nuvens; nem solidão, nem tristeza, nem dor, nem medo ou despeito alcançaria meu vôo majestoso.
Mas não há um par de asas nesse corpo frágil, nem uma terra serena à descobrir e desbravar, há só o solo frio sobre meus pés, e os tristes sentimentos que me assolam, que me prendem ao chão, impedindo-me de voar.

sábado, 18 de junho de 2011

Estou simplesmente apaixonada pela poesia greco-latina.Pelo o que eu pude ler nas indicações do meu ótimo professor de estudos clássicos, a candura de tais versos me encantaram.
Posto aqui hoje um trecho de um poema de Propércio, poeta latino. Aquele que possue uma alma lírica, saberá apreciar.

"Ó minha felicidade! Ó minha cândida noite!
E tu, leito feito alegre com meus prazeres,
Como palavras muitas falamos junto à lâmpada!
Quantas batalhas se foram, apagadas as luzes!
Há pouco, pois, lutou comigo com seios desnudos
Por vezes a túnica dissimulada fez a demora.
Ela abriu meus olhos cerrados no sono
Com seus beijos e disse: “é assim que dormes
com calma?”
Quantos abraços trocamos variados! Quantos
Beijos meus habitaram teus lábios!"

[...]

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O quanto de nós sobrevive a essas coisas?
A essa rotina, a esse adeus?
Esse eterno sol poente que se curva sobre meus olhos
Há sobre minha estrada um sólido asfalto
E sobre meus pés rotos, a rispidez de uma arrogância
O quanto de mim restará ao final de tudo?
Permanecerei?
Perecerei.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

"Entre nenúfares de serenidade"

Andei um tempo sem escrever nada para postar aqui, sem pensar em nada para escrever, é bom passar alguns meses entregues ao ócio, me fez bem, esvaziou minha mente, que estava um caos.
Após as provas da 2° fase da fuvest fiquei incrivelmente agoniada, senti que não fiz o meu melhor e que foi um erro ter prestado o vestibular. Só entende essa angústia quem chega muito perto de realizar um sonho, um sonho que dá motivação a rotina diária, e por algum motivo sente que vai falhar e não poder realizá-lo, a sensação é de um choro doloroso preso a garganta.
Conversei com a minha mãe, expus tudo o que sentia e ela me apoiou tanto, arranjou inúmeras soluções caso eu não passasse na USP e disse que acreditava em mim, coisa que naquele momento, nem eu acreditava.
Há alguns dias atrás tive a noticia que passei na Unifesp no curso de filosofia, algo que me deixou muito feliz, é uma conquista enorme pra mim.
Ainda estou aguardando o resultado da fuvest, as vezes esperançosa, as vezes incrédula, mas de um jeito ou de outro, satisfeita e empolgada com o que me aguarda no ano de 2011.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O enterrado vivo

É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.


Carlos Drummond de Andrade

domingo, 19 de dezembro de 2010

Sentindo o efeito da insônia e do tédio que me abateram ás 2 da madrugada de uma segunda feira, resolvi ver umas velhas fotos minhas, visitei um antigo fotolog meu.Fiz esse fotolog em meados de 2007, com o intuito, como toda boa adolescente, fazer dele, além de um álbum de fotos, um diário.
Ao começar a ler os posts e olhar aquelas fotos, vi quantas mudanças ocorreram durante o período de 3 anos. Roupas, música, cabelo, lugares que frequantava Não que tais mudanças me surpreendessem, afinal, isso é esperado, o que me surpreendeu foi a nostalgia de mim mesma. Senti saudades daquela Thuany de 2007, com toda a pieguice e imaturidade que os 15 anos podem nos oferecer.
Quanto daquela garota resta agora? Diria pouco, ou até nada. Perdi aquela essência inconseqüente e insensata ao longo dos anos.
Como invejo a Thuany de 15 anos, com seus amores grandiosos, seus amigos inseparáveis, seu lazer sempre divertido e as emoções sempre tão intensificadas.
Invejo por aquela garota poder preocupar-se apenas com amigos, família, namorados e cores de cabelo. Pra que a vastidão? Qual a necessidade de expandir-se tanto?
Que bela época vivi, mas só agora, começando com toda a burocracia da vida adulta, percebo o quanto fui feliz e o gosto daqueles dias me serão eterno.
Certamente, daqui há alguns anos, a Thuany mãe e professora, estará lendo essas linhas, e sentirá saudades desta que escreve, pois como diria Fernando Pessoa “por que é que, para ser feliz, é preciso não sabê-lo?”

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

5 horas

Negligenciei meus prazeres pessoais por coisas que não terão utilidade alguma em minha vida.
Amigos, livros, barzinho, ah, troquei-os todos, troquei-os pelos teoremas, hipotenusas, apótemas e todas as ciências inúteis ao meu limitado intelecto.
Como é doloroso recusar-se a si próprio, com a terrível redundância do não ser, abandonar as clausuras, o hedonismo, recusar às horas de ócio e todas essas circunstâncias, mais para que ? Redirecionar uma vida inteira por miseras 5 horas, por estar a resolver, interpretar, relembrar o decorado.
Basta-me saber o meu essencial, o que sei já é o necessário para latejar-me a têmpora.